Entrevista com os criadores de D3L3T3.exe

D3L3T3.exe é um jogo de terror no qual você deve quebrar uma maldição fatal. Foi desenvolvido pela Labbitspace e Oobyou, e esses brasileiros vem fazendo bonito na Steam onde obtiveram 84% de notas positivas.

Conheça mais no trailer abaixo:

Essa entrevista é uma oportunidade de conhecer mais sobre jogos brasileiros. Sobretudo para ajudar a ter uma visão do mercado brasileiro para desenvolvedores e fãs de videogames.

Agradeço ao Kledson Ferreira por responder nossas perguntas, e com isso permitir que este post fosse realizado.

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Entrevista

Garota no Controle: O que veio primeiro, a mecânica ou temática?

Kledson Ferreira: Inicialmente a mecânica, durante o desenvolvimento de projetos para clientes surgiu a ideia de fazer algum jogo que utilizasse labirintos e depois pensamos na temática de terror, a ideia inicial era fazer utilizando o folclore brasileiro, porém lembramos que já tínhamos escrito um conto de terror, daí surgiu a oportunidade de fazer um curta metragem utilizando a história do D3L3T3, então decidimos fazer o jogo para lançar na mesma época. O jogo é baseado em um conto e complementa a história do curta metragem.

Garota no Controle: Que jogos inspiraram D3L3T3.exe ?

Kledson Ferreira: Depois de escolher a temática e a mecânica pensamos como fazer um jogo que revivesse o sentimento de jogos de terror antigos mas mecânicas modernas, então tivemos como inspiração em jogos clássicos como: Silent Hill, Clock Tower. Tivemos também inspiração em jogos modernos como: Tattletail, Pesadelo a origem e Amnésia. A parte sonora feita pelo grande Aribert e é bastante inspirada no clássico Silent Hill e no Alan Wake.

Garota no Controle: Qual o diferencial do jogo de vocês?

Kledson Ferreira: Por se tratar de um jogo CrossMedia, temos outros jeitos de experimentar a história, tendo o curta, o jogo, o conto e em breve mais conteúdos, tornando-o um material que pode conter certa profundidade e gerar interesse em pessoas que não são necessariamente gamers.

Garota no Controle: Qual o tamanho da equipe de vocês?

Kledson Ferreira: Na época da produção do game e do filme a nossa equipe contava com aproximadamente 10 pessoas, sem contar os atores do curta, mas sendo dedicados ao projeto do jogo são 5 pessoas, sendo que uma delas é a cobaia… digo…Game tester.
Kledson foi responsável pela direção do game, modelagem 3D e escrever a história. A Dalila ficou responsável pela animação 3D, assistente de Game Design e juntamente com a Janine fizeram responsáveis por modelagem 3D, texturização, Level Design dos ambientes. O Aribert ficou responsável pela programação, sound effects e músicas. A Deyse foi nossa Game Tester e termômetro de sustos.

Garota no Controle: Quais as principais dificuldades encontradas para desenvolvimento e para conseguir que o jogo fosse publicado?

Kledson Ferreira:Inicialmente a ideia era fazer uma maratona de desenvolver um jogo em um final de semana, mas esse final de semana acabou durando 3 meses de intenso desenvolvimento, experimentação de ideias, correção de bugs e melhorias. Nesse processo algumas coisas estranhas aconteceram, a inteligência artificial agir de forma estranha, aconteceram bugs durante transmissões ao vivo e tivemos que correr para o chat e ter que ajudar o streamer a contornar a situação, tivemos que ajustar o nível de dificuldade do jogo em diversos aspectos. Mas com certeza a maior dificuldade foi compreender o sistema de publicação da Steam com seus infinitos menus, sistemas confusos de DLC, Depots e Builds, mas foi um aprendizado interessante e agora estamos aptos a publicar muito mais coisas.

Garota no Controle: Pretendem lançar outros jogos?

Kledson Ferreira: Com certeza, já estamos trabalhando em um jogo que vem sendo desenvolvido a pelo menos 3 anos chamado Hallucinouras, é um jogo de plataforma e várias mecânicas interessantes e história bem diferente e intrigante. Além deste estamos iniciando o desenvolvimento do capítulo 2 do jogo D3L3T3, mas ainda não podemos revelar muitos spoilers.

Garota no Controle: Qual foi o maior aprendizado que vocês gostariam de passar para outras pessoas, sobre produzir o próprio jogo?

Kledson Ferreira: Traçar um objetivo, encontrar ideias em comum e escutar feedback dos jogadores foram aprendizados que fizeram com que o nosso projeto fosse concluído. Mas o maior aprendizado foi realmente manter o foco no projeto.

Garota no Controle: Sobre mulheres na área de desenvolvimento de jogos, o que vocês têm a comentar sobre isso?

Deyse, Dalila e Janine: É muito bom trabalhar numa equipe em que nos sentimos seguras e iguais aos nossos outros colegas, havendo respeito às nossas ideias e opiniões. Acreditamos que o ideal seja que isso se torne o padrão e todos possam contar suas histórias e se divertir fazendo games.

Garota no Controle: Que mensagem gostaria de passar para aqueles que querem desenvolver jogos no Brasil?

Kledson Ferreira: Às vezes ter um jogo de sucesso não implica em passar anos desenvolvendo aquele jogo, ter vontade de contar uma história interessante com foco e dedicação é a parte fundamental para lançar algo que as pessoas vão querer jogar.

Garota no Controle: Para vocês, é possível viver de jogos no Brasil?

Kledson Ferreira: Ainda temos um longo caminho a percorrer para se tornar um mercado sustentável de games, onde empresas, vagas e profissionais são abundantes e o investimento nessa área é feito de forma abrangente. Mas temos tido grandes avanços nos últimos anos com o surgimento de grandes empresas de games e projetos de sucesso, creio que em pouco tempo o nosso mercado vai estar maduro o suficiente para termos uma realidade em que será possível afirmar “é possível viver de games no Brasil”. TL DR: Não, mas vamos continuar fazendo.

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Garota no Controle

Desenvolvedora de Software, Especialista em Engenharia de Software, Mestra em Machine Learning e o mais importante de tudo, idealizadora do site Garota no Controle. Buscando a cada dia fazer o que é certo, crescer em cada erro e passando a cada fase difícil, com o objetivo de zerar a vida com estilo.